Olhares na web

Huaíne Nunes mantém blog com dicas de fotografia

Fotografias guardam, na trama de sua composição, uma infinitude de olhares sobre o mundo. Cada percepção pode ser tão nova a ponto de redescobrir, em um único disparo, um lugar comum aos olhos e estranho às lentes. Há muitas formas de capturar uma paisagem, um rosto, um gesto, um movimento. As facilidades da contemporaneidade para se integrar ao mundo fotográfico transitam entre aparato técnico e divulgação na web através de redes sociais.

O barateamento de equipamentos pelo desenvolvimento das chamadas mídias móveis democratizaram a produção fotográfica. Com uma câmera digital ou um simples aparelho celular, é possível recriar o mundo através da imagem. Essa democratização permitiu que um número muito maior de pessoas pudessem fotografar e expor imagens na internet.

Maciel Bezerra (21), por exemplo, tornou-se fotógrafo pela web. Por morar no interior do Ceará e não ter acesso a cursos de fotografia, fez contatos através de uma comunidade no Orkut e, com o conteúdo adquirido em fóruns, aprendeu a fotografar com uma câmera digital Canon A460. Treinou o olhar para o simples e conseguiu sensibilizar as mais duras paisagens do sertão. Com o sucesso na divulgação de seu trabalho na web, conseguiu emprego fixo como fotógrafo de casamentos.

Rede amplia acesso

Se antes a busca por materiais fotográficos  permeava apenas  museus, galerias ou revistas especializadas, agora basta que o interessado acesse as redes sociais na internet. Com alguns cliques, é possível entrar em contato com a produção fotográfica mundial.

O Flickr é uma das principais vitrines para as fotografias na web. Sucessor dos antigos Fotologs, ele permite armazenamento de imagem em alta resolução, categorização por tags e interatividade. Trata-se de uma verdadeira teia que une fotógrafos de todo o mundo em um processo colaborativo de aprendizagem e divulgação imagética.

A fotógrafa Huaíne Nunes (21) explica que o Flickr é um “prato cheio” para quem quer aprender a fotografar. Isso pela possibilidade de associar-se a grupos que possuam o mesmo equipamento, ao grande arsenal fotográfico disponível para treinar o olhar e à ferramenta que disponibiliza o EXIF, os dados da fotografia. “você olha exatamente o que o fotógrafo usou no momento do clique: abertura, velocidade, ISO. Daí você passa a refletir sobre a captura, e o aprendizado é constante”, pontua.

A grande variedade de ferramentas disponibilizadas pelo flickr, no entanto, não o classifica como a rede social perfeita para qualquer fotógrafo. A publicitária e fotógrafa Natalia Kataoka (24) adverte que é preciso ter cautela na hora de expor seu trabalho. “Alguns sites dão mais liberdade para a apresentação do seu trabalho que outros. Você vai ter que listar se é fácil de navegar pelo site e se o seu público não se incomodará com uma apresentação fora do comum”.

Layout é importante

Outro quesito importante na hora de escolher a rede social adequada é a impressão que sua página poderá passar ao público. “Existem sites e templates de blogs que não passam seriedade, e as pessoas podem acabar não levando você a sério”, enfatiza Natalia. Nesse caso, vale a pena estudar direitinho as opções: fotolog, flickr, deviantart, obture, ou até mesmo o novíssimo tumblr.

Utilizar redes sociais para divulgar suas fotos na web não é tão simples. Huaíne explica que ter seu trabalho reconhecido dentre o turbilhão de imagens publicadas na internet é muito difícil. Por outro lado, aproveitar essas ferramentas pode ajudar você a se consolidar no mercado. Uma boa tática de Natalia é garantir a periodicidade na atualização e divulgar as novidades pelo facebook ou twitter: “Não faço isso pela pura autopromoção, mas por gostar de estar expondo material novo”.

Apesar dos inúmeros pontos positivos que as redes sociais propiciam aos novos fotógrafos, é preciso chamar atenção para os problemas em relação aos direitos autorais que pode surgir pelo caminho. Embora algumas redes permitam que os usuários licenciem suas imagens livremente, não é difícil ter suas fotos roubadas, editadas ou vendidas por aí sem os devidos direitos. “Mas na internet é assim: você não será visto se não se expor. Esse é um risco que, infelizmente, temos que correr”, analisa Huaíne.

O que não vale mesmo é desanimar. Através das redes sociais, é possível aprender a fotografar, treinar o olhar, analisar exposições, divulgar seus cliques e talvez até conseguir trabalhos. “O interessante da internet é e a possibilidade de projetos que você tem na sua frente”, festeja Natalia.